segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dia-a-dia

Pois bem...
Volta e meia ainda me deparo com alguém que não sabe do que aconteceu comigo e faz a pergunta cruel com um sorriso no rosto: "E aí, Lú... Como está o bebezinho???"
(oh God...)
Pra algumas pessoas, as mais próximas, eu até explico o que houve.., mas para a maioria eu digo, simplesmente: "Perdi o bebê!"
Aí começa o choramingo, a cara de pena, a vozinha de criança que as pessoas acabam fazendo para não ficar chato e demonstrar tristeza com o que aconteceu...
Não culpo nenhuma delas, de verdade, mas é meio esquisito e chato ao mesmo tempo, pois a maioria das pessoas não sabe como lidar numa situação dessas e acaba forçando demais a barra, entende?
Sei lá se existe uma forma certa de se fazer isso, mas esta realmente não pode ser!
Aí falo que já superei e já estou super bem, mas as pessoas custam para acreditar, principalmente as que me conhecem bem, pois era uma coisa que eu queria muito na minha vida...
O ideal seria que ninguém mais perguntasse... Pode parecer incrível, mas a vida é tão corrida que às vezes dá pra gente tentar esquecer..., e ajuda muito se as pessoas não ajudarem a lembrar...
É tudo meio estranho!
Não estou braba e nem sem paciência. Juro! O fato é que a gente acaba se cansando de repetir sempre a mesma coisa para todos que perguntam.
Já me disseram que eu não posso me sentir assim, pois quando estiver grávida todo mundo vai ficar perguntando também... Mas... HELLLOOOOOO..., acho que eu vou ficar bem feliz em responder várias perguntas quando eu estiver grávida, não? Hahaha...
Bom, enquanto isso que eu tanto desejo não contece, fico aqui esperando e me sentindo feliz por todas as mamães que vejo na minha volta (e não são poucas)...
Um beijo pra Júlia que está esperando o Matheus e final de semana que vem é o chá de bebê dele e um SUPER BEIJO pra Carolzinha que acabou de ganhar o João Henrique e já está babando em cima dele em casa!!!

Beijos à todas,

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ovo-cego e curetagem

Bem, como eu prometi, aqui vai o relato de tudo o que aconteceu comigo nos últimos dias:


Na última terça-feira, dia 27/09, fiz uma ultrasonografia decisiva. Se neste meu último exame não aparecesse o meu bebê, ele não apareceria mais nesta gestação...
...e não apareceu!
O que eu tinha dentro de mim era um sago gestacional perfeitamente ovalado como deveria, com 22mm de diâmetro médio, completamente vazio.
Vocês podem querer procurar, assim como eu procurei, e vão encontrar meninas que afirmam que com 27mm de saco gestacional vazio, ainda conseguiram visualizar o embiãozinho depois. Sim. Mas isso depende do tempo de gestação que cada uma de nós tem...
27mm com aproximadamente 6 semanas é uma coisa, mas 22mm e 8 semanas, é outra completamente diferente... OVO-CEGO! GESTAÇÃO ANEMBRIONADA!!!
FOI TERRÍVEL!
Chorei praticamente o dia todo e no dia seguinte estava com o meu rosto inteiro inchado. Não tive dor até hoje que se assemelhasse à essa.
Na quarta-feira (dia seguinte ao exame) foi um dia de luto que tive e resolvi continuar com tudo o que já estava previamente planejado, inclusive um jantar com minhas amigas de infância.
Fui ao banheiro no final do jantar, antes de pegar o carro e ir para casa, e já havia começado a sangrar.
Não sei ao certo explicar o que eu senti, mas foi um misto de tristeza e de alívio que me lembro de ter gostado de sentir..., mas foi basicamente estranho.
No dia seguinte, quinta-feira, liguei para o meu médico, cedinho da manhã, e ele já me mandou ficar em jejum para tentarmos fazer a curetagem no mesmo dia.
Cheguei no consultório às 14:30h, mas fui ser atendida só perto das 16h por causa de uma cirurgia que ele tinha que atrasou.
Tentamos marcar para o mesmo dia e não havia horário disponível no hospital, então ficou marcada para o dia seguinte, sexta, às 7h.
Fui na mesma hora comer alguma coisa, pois estava em jejum a mais de 19 horas e com dor de cabeça de tanto nervoso e fome.
O prédio onde fica a sala do meu médico, ironicamente é onde também fica um dos brechós infantis mais famosos de Porto Alegre, o "Passa Passará", e é claro que quando fui comer alguma coisa, passei bem em frente...
Enfim..., comi, esperei o tempo necessário para que a secretária fizesse toda a documentação necessária para o procedimento e voltei ao consultório.
Peguei tudo e fui ao hospital para já deixar tudo pronto para o dia seguinte e fui informada que eu deveria ir até um posto da Unimed para autorizar e pegar uma senha, pois o hospital (Moinhos de Vento) não fazia mais este serviço.
Pedi o endereço da Unimed mais próxima e me disseram que no shopping ao lado do hospital eu poderia fazer o que eu precisava. O tempo todo com a minha mãe, fomos até lá.
Quase 17:30h, chegamos lá em tempo de sermos informadas que aquele posto só realizava exames e não autorizava procedimentos.
Corremos até outro posto (quase do outro lado da cidade) para chegarmos antes das 18h, pois fecharia, e quase não conseguimos a autorização, para descobrir que o hospital tinha OBRIGAÇÃO de me prestar este serviço... Quase surtei...
Na sexta-feira, dia 01/10, cheguei no hospital às 06:50h da manhã.
Entre fazer ficha, assinar papelada e colocar o avental de bunda de fora, começaram com o procedimento às 07:20...
Foi muito engraçado porque sou muito medrosa pra qualquer coisa assim, então entrei na sala me borrando de medo. Falei com o anestesista e ele disse pra eu ficar bem tranquila e me perguntou se eu gostava de leite, haha. Respondi que sim, mas só semi-desnatado, então ele disse que ia ter que me acosatumar um pouco com leite integral, pois era o que ele ia colocar no meu braço, mas que iria se super rápido...
Lembro claramente de eu olhar para o teto e para as luzes para cirurgia, que ainda estavam apagadas, e disse: "Nooosssaaaaa doutor.. Isso é rápido mesmo..." e não lembro de mais nada...
Me acordaram quando já estava tudo feito e eu estava com uma 'fralda gigante' na bunda. Fui para a sala de recuperação e ri MUINTO da cara de uma velha rica que tinha colocado peito e mal conseguia ficar em pé.., muito fresca, haha!
Tomei um bom café da manhã, pois tava louca de fome, e antes das 10:30h estava saindo de lá sem mais nada dentro de mim (talvez um pouco de alívio) e, graças a Deus, sem dor!
Fui passar o dia na casa da minha vozinha para não ficar sozinha em casa e ela me paparicou a tarde toda.., lindinha...


Escrevi tudo isso para quem tiver tempo de ler e para que saibam que, por mais que seja doloroso tudo isso que acontece com a gente, tudo pode ter um bom final para podermos recomeçar...
Acho que o sorriso e a força de vontade são os elementos principais...


Um beijo à todas,


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Seguindo em frente

Muito bem...
Para quem estiver lendo este blog (espero que ALGUÉM o faça..., hehe), exatamente um mês após a última postagem, informo que mesmo tendo 'perdido o meu bebê', resolvi dar continuidade aos meus textos!
"Perdi" não é exatamente a palavra, pois na verdade ele não chegou a existir.
Eu tive o que os médicos chamam de 'gestação anembrionada', para muitos: 'ovo-cego'.
Para os que não leram os posts anteriores, eu explico!
Fiz um teste de farmácia: POSITIVO; fiz um betaHCG: POSITIVO; fiz uma ecografia obstétrica: GESTAÇÃO DE 5 SEMANAS; fiz uma nova ecografia: GESTAÇÃO ANEMBRIONADA, ou seja, sem embrião!
Meu próprio pai me perguntou umas 3 vezes se eu tive gravidez psicológica. Umas 2 ou 3 pessoas perguntaram também...
O que acontece nestes casos é que, por algum acidente genético, o espermatozóide não era perfeito ou não tinha toda a carga de DNA necessária e o bebê não se forma. É isso! Simples assim!!!

SIMPLES UMA OVA! >(

É muito difícil para uma pessoa que deseja ser mãe com todas as suas forças, que JÁ SE SENTIA MÃE, que esteve grávida e de uma hora para outra não está mais. Difícil mesmo...
Muitos consolos a gente ouve depois disso: não era para ser, talvez não fosse o momento certo, pensa positivo, poderia ter acontecido alguma coisa muito pior, e muitas outras frases tiradas de livros de auto-ajuda, provavelmente, mas posso dizer que o MAIS difícil é, com certeza, ter que mostrar para as outras pessoas que estamos bem e conformadas sem estarmos entendendo ao certo o que aconteceu com o nosso corpo e com o nosso coração...
Entendo que existam problemas muito maiores. Existem mesmo. Mas poxa, será que eu não posso ter o direito de curtir a minha dor? Será que eu não posso ficar de luto durante um tempo? Será que essas pessoas que me julgam não conseguem entender o quanto eu esperei por isso???
Muitas pessoas me ajudaram, também! MUITAS... E acho que é por isso que estou conseguindo escrever agora...
Confesso que acho que assimilei estes fatos com certa rapidez, mas ainda me dói a garganta quando preciso responder "para quando é o teu bebezinho?". Hoje já estou bem mais calma e tranquila com tudo o que me aconteceu e já aceitei que vou precisar esperar um pouco mais para que o maior sonho da minha vida se realize, mas não foi fácil. Acho mesmo que o melhor de tudo nesses momentos é ficar um tempo completamente sozinha e chorar bastante, gritar se for preciso e extravazar toda a negatividade logo de uma vez!
Espero que a maioria das mulheres consiga fazer o mesmo e tocar a bola pra frente logo em seguida. Tenho até medo de pensar o que seria de mim se eu não tivesse feito isso...
Enfim... eu decidi, por revolta, por garra, por força de vontade, por todas as mulheres que já tiveram o mesmo que eu, por todas as mulheres que ainda podem se assustar com isso, por todas as famílias que irão procurar informações para ajudar as suas mulheres que terão esta mesma perda e, principalmente, POR MIM, continuar escrevendo este blog para contar todos os relatos que tenho ouvido e lido com relação à gestação anembrionada e para continuar contando a minha busca pela maternidade...
No próximo post eu conto em detalhes o que aconteceu comigo depois que eu soube que não seria mãe desta vez!
Um beijo à todas e FORÇA NA PERUCA, SEMPRE...